O risco de desemprego dos recém-diplomados do ensino superior reduziu em 2021
Os últimos dois anos ficaram sobretudo marcados pela crise pandémica e pelos subsequentes impactos a nível económico e social. A crise sanitária teve efeitos no mercado de trabalho, principalmente entre os mais jovens que, tradicionalmente, estão entre os mais vulneráveis nos ciclos económicos recessivos.
Estes períodos são ainda mais desafiantes para os jovens que terminam um grau de ensino e pretendem entrar no mercado de trabalho pois, tipicamente, não têm experiência profissional e concorrem com grupos de jovens trabalhadores mais experientes e com mais competências profissionais.
Importa, portanto, olhar para o desemprego dos recém-diplomados do ensino superior, que permite aferir a maior ou menor facilidade da sua entrada no mercado de trabalho. Este indicador tem como base os recém-diplomados – alunos diplomados nos últimos quatro anos letivos – de licenciaturas e mestrados integrados inscritos como desempregados junto do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).
Como tem evoluído este indicador nos últimos anos? Que tipos de ensino, áreas de formação e regiões apresentam maior e menor propensão ao desemprego? Este insight pretende responder a estas perguntas.
2021 INVERTEU A TENDÊNCIA DO ANO ANTERIOR, REDUZINDO O RISCO DE DESEMPREGO DOS RECÉM-DIPLOMADOS
A evolução deste indicador revela que no ano de 2020, marcado pelo início da crise pandémica, a transição dos recém-diplomados para o mercado de trabalho foi mais difícil. Comparando com 2019, a propensão ao desemprego dos recém-diplomados desempregados aumentou em 2020 em cerca de 1,5 pontos percentuais – de 3,6% em 2019 para 5,1% em 2020. Este aumento no risco de desemprego inverteu a tendência decrescente que se vinha a verificar desde 2014.
O ano de 2021 inverteu o aumento do risco de desemprego dos recém-diplomados verificado no ano anterior, ao reduzir cerca de 0,7 pontos percentuais: de 5,1% em 2020 para 4,4% em 2021.
Apesar da redução, a propensão ao desemprego ainda não se encontra nos níveis pré-pandémicos: o risco de desemprego dos recém-diplomados foi, em 2021, superior em 0,8 pontos percentuais ao registado em 2019, antes do início da crise pandémica.
Propensão ao desemprego dos recém-diplomados entre 2014 e 2021
FONTE: IEFP, DGEEC, FJN/BRIGHTER FUTURE.1
UMA REDUÇÃO EM TODOS OS TIPOS DE ENSINO, MAS MAIOR PARA O ENSINO PÚBLICO POLITÉCNICO
A redução da propensão ao desemprego de recém-diplomados foi transversal aos diferentes tipos de ensino superior – público, privado, politécnico e universitário – embora com diferentes magnitudes.
Face a 2020, a propensão ao desemprego decresceu, em 2021, para todos os tipos de ensino pelo menos 0,4 pontos percentuais. A queda mais significativa registou-se no ensino superior público politécnico, com uma redução aproximada de 1 ponto percentual.
Apesar da redução superior a 0,8 pontos percentuais, o ensino superior privado universitário manteve-se como o tipo de ensino com a maior propensão ao desemprego em 2021: 5,1%.
Já a menor propensão ao desemprego verificou-se entre os recém-diplomados do ensino superior público universitário – 3,8% em 2021. Este foi também o tipo de ensino com a menor propensão ao desemprego em 2019 e 2020.
Propensão ao desemprego em 2020 e 2021 e variação da propensão ao desemprego entre 2020 e 2021 por tipo de ensino
FONTE: IEFP, DGEEC, FJN/BRIGHTER FUTURE.2
EM QUE REGIÕES OS RECÉM-DIPLOMADOS ENFRENTAM MAIOR RISCO DE DESEMPREGO?
Analisando a propensão ao desemprego dos recém-diplomados do ensino superior e a sua evolução, ao nível da região das unidades orgânicas de ensino superior, verifica-se que há diferenças substanciais entre as diferentes regiões de Portugal continental.
Face a 2020, a propensão ao desemprego reduziu em 2021 para todas as regiões em pelo menos 0,6 pontos percentuais. A região que, em 2020, apresentava os níveis mais altos de propensão ao desemprego – Algarve – foi também a que registou a maior redução: 1,3 pontos percentuais. Apesar do decréscimo, o Algarve permaneceu como a região de Portugal continental com o maior risco de desemprego dos recém-diplomados.
Embora tenha sido uma das regiões com o menor decréscimo da propensão ao desemprego entre 2020 e 2021, a Área Metropolitana de Lisboa continuou a ser a região de Portugal continental onde os recém-diplomados enfrentam o menor risco de desemprego.
A região Centro teve a segunda maior redução do risco de desemprego – 0,9 pontos percentuais – situando-se, em 2021, nos 4,5%.
A propensão ao desemprego dos recém-diplomados das regiões do Alentejo e Norte em 2021 foi de 5,2%, reduzindo face a 2020 cerca de 0,6 e 0,7 pontos percentuais, respetivamente.
Propensão ao desemprego em 2021 e variação da propensão ao desemprego entre 2020 e 2021 por região
FONTE: IEFP, DGEEC, FJN/BRIGHTER FUTURE.1
O que nos diz e não nos diz este indicador?
Este indicador da taxa de desemprego dos recém-diplomados é baseado nos desempregados registados no IEFP, e portanto, pode ser influenciado pela propensão dos diplomados de diferentes áreas se inscreverem ou não no IEFP que poderá depender, por exemplo, da probabilidade de encontrarem emprego por esta via.
Além disso, este indicador não permite avaliar a qualidade do emprego dos restantes recém-diplomados que se encontram a trabalhar. Por outras palavras, os recém-diplomados podem ter empregos desadequados quer à área de formação como inclusive ao nível de ensino que acabaram de completar.