Desde 2012 que os portugueses passam cada vez menos tempo na mesma empresa

ANTIGUIDADE DOS TRABALHADORES EM EMPRESAS: O QUE É E PORQUE É RELEVANTE?

A antiguidade dos trabalhadores nas empresas não é mais do que o número de anos que os trabalhadores prestam serviço na mesma empresa.

É um fator de interesse para o trabalhador mas também para a empresa, uma vez que, maior antiguidade na empresa está normalmente associada a benefícios para ambas as partes.

Para os trabalhadores, estar entre os mais seniores da empresa tem alguns privilégios sobre os menos seniores, tais como um salário médio mais elevado, horários preferenciais, maiores oportunidades de permanecer e crescer dentro da empresa. Adicionalmente, as regras de compensações por cessação do contrato de trabalho implicam que os trabalhadores com maior antiguidade estarão mais salvaguardados em tempos de recessão económica e em caso de layoff.

Para as empresas, os trabalhadores com maior antiguidade na empresa poderão ser recursos muito valiosos uma vez que ao longo dos anos foram desenvolvendo capital humano específico ao setor e à própria empresa, tornando-os como um recurso essencial para a formação e passagem de conhecimento e experiência aos trabalhadores mais juniores.

Apesar destes benefícios indiscutíveis, a antiguidade dos trabalhadores pode, também impedir a inovação e crescimento das empresas, face às alterações da natureza do trabalho registada nos últimos anos. O elevado ritmo do progresso tecnológico pode tornar as competências dos mais seniores obsoletas ao passo que os mais jovens podem trazer para a empresa competências mais atuais e valorizadas para organizações que querem crescer e inovar. Um sistema de formação contínua dos trabalhadores pode ser essencial para conjugar a experiência dos mais seniores com a capacidade de adaptação às mudanças e às novas tecnologias.

COMO TEM EVOLUÍDO A ANTIGUIDADE MÉDIA DOS TRABALHADORES EM PORTUGAL?

Em 2010, os trabalhadores em empresas portuguesas trabalhavam, em média, há 7,2 anos na mesma empresa, o mesmo valor registado em 2018.

No entanto, neste período, a antiguidade média variou substancialmente. Aumentou entre 2010 e 2013 – ano em que registou o maior valor, 8 anos – e diminuiu consecutivamente entre 2013 e 2018.

Antiguidade média dos trabalhadores em empresas

FONTE: BRIGHTER FUTURE/FJN, QUADROS DE PESSOAL (GEP/MTSSS, INE)1

Esta tendência é partilhada em todas as grandes regiões de Portugal, mas a figura também demonstra que há diferenças inter-regionais significativas: em 2018, a antiguidade média dos trabalhadores das empresas variava entre os 5,2 anos no Algarve e os 8,6 anos nos Açores.

Este aumento da antiguidade média até 2013, e diminuição que se seguiu até 2018, estará relacionado com a evolução da economia e do mercado de trabalho.

De facto, entre 2010 a 2013 registou-se o período mais recessivo da anterior crise, que resultou numa diminuição de cerca de 238 mil trabalhadores nas empresas portuguesas. Pelas razões expostas acima, é natural que grande parte do emprego destruído tenha sido entre os mais juniores nas empresas, aumentando assim a média da antiguidade dos trabalhadores.

No mercado de trabalho, a recuperação que se seguiu traduziu-se numa criação líquida de emprego muito significativa – cerca de 515 mil trabalhadores - que reduziu a média da antiguidade.

Além disso, as regras de compensações por cessação do contrato de trabalho também foram alteradas em 2011, reduzindo e uniformizando o montante de compensação.

UMA TENDÊNCIA NEGATIVA QUE AFETOU TODAS AS FAIXAS ETÁRIAS

O facto da antiguidade média aumentar com a idade dos trabalhadores não é surpreendente. Mais interessante é o facto da tendência negativa da antiguidade média ter atingido todas as faixas etárias dos trabalhadores, com uma queda mais pronunciada em termos relativos entre os mais jovens.

Por exemplo, para os trabalhadores entre os 15 e os 24 anos, a antiguidade média em 2012 era de 1,3 anos, tendo caído para metade em 2018. Para os trabalhadores entre os 25 e os 34 anos, a queda foi menor mas ainda assim aproximadamente de cerca de 30%.

Média de anos que os trabalhadores passam numa empresa, por faixa etária

BRIGHTER FUTURE/FJN, QUADROS DE PESSOAL (GEP/MTSSS, INE)

QUAIS OS SETORES DE ATIVIDADE COM MENOR E MAIOR ANTIGUIDADE MÉDIA DOS TRABALHADORES?

Os setores de atividade onde os trabalhadores permanecem, em média, mais anos nas empresas são os seguintes:

_Eletricidade, gás, vapor, água e ar: 19,9 anos

_Fabrico de coque e de produtos petrolíferos refinados: 17,1 anos

_Atividades financeiras e de seguros: 13,9 anos

_Telecomunicações, atividades de comunicação e edição: 11,9 anos

_Fabrico de pasta, de papel e de cartão: 11,8 anos

Em contraste, nos seguintes setores de atividade a antiguidade média não passa os 5 anos:

_Atividades de aluguer, de emprego, agências e operadores turísticos: 1,2 anos

_Serviços de informação e atividades informáticas: 3,7 anos

_Alojamento e restauração: 4,2 anos

_Atividades de segurança privada e de apoio a empresas: 4,2 anos

_Atividades imobiliárias: 4,8 anos

A estas diferenças não será alheia a estrutura etária e o tipo de contratos mais comuns em cada setor de atividade.

EM QUE PROFISSÕES É MAIOR E MENOR A ANTIGUIDADE DOS TRABALHADORES?

A média de anos dos trabalhadores em empresas varia substancialmente entre profissões, sendo superior a 15 anos nas seguintes:

_Maquinista de locomotivas

_Diretor do setor financeiro

_Controlador de tráfego aéreo

_Carteiros

_Especialistas em políticas de administração

_Caixa bancário, penhorista e similares

_Encarregado da indústria transformadora e extrativa

Por outro lado, há profissões em que a antiguidade média não passa os 3 anos, sendo menor que 2 anos entre ‘Empregado de centro de chamadas’ e ‘Atleta e desportista de competição’:

_Agente imobiliário

_Treinadores e árbitros

_Trabalhador da aquicultura e pescas

_Empregado de centros de chamadas

_Atleta e desportista de competição

1MÉDIA DO NÚMERO DE ANOS QUE OS TRABALHADORES PRESTAM SERVIÇO NA MESMA EMPRESA.
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