O emprego dos jovens é cada vez mais qualificado
A população empregada mais jovem é cada vez mais qualificada
De acordo com os dados do Inquérito ao Emprego do INE, em 2022, existiam cerca de 915 mil jovens trabalhadores, entre os 25 e os 34 anos. Cerca de metade destes jovens trabalhadores(47%) eram diplomados do ensino superior.
Comparando com o início da década anterior, a proporção da população empregada jovem com ensino superior aumentou de forma significativa: em 2011, apenas 29,1% dos jovens empregados tinham ensino superior, ou seja, em 11 anos verificou-se um crescimento de aproximadamente 17,9 pontos percentuais no peso dos jovens trabalhadores diplomados do ensino superior.
No sentido inverso, a percentagem de jovens com apenas o ensino básico teve uma queda bastante acentuada de 41,6%em 2011 para apenas 14,1% em 2022. Esta evolução deve-se em parte, ao estabelecimento do ensino secundário como a escolaridade obrigatória.
Distribuição dos Jovens Trabalhadores por Nível de Escolaridade
FONTE: INE – Inquérito ao Emprego, FJN/Brighter Future.
NOTA: População Empregada dos 25 aos 34 anos.
Uma maior escolaridade dos jovens trabalhadores está, em média, associada a vantagens no mercado de trabalho, designadamente a uma maior taxa de emprego, a emprego de melhor qualidade e em ocupações mais qualificadas, que pagam salários superiores.
Contudo, para uma parte significativa dos trabalhadores mais qualificados, existe um desajustamento entre as suas qualificações e a ocupação que desempenham, um fenómeno comumente designado por sobrequalificação». Nestes casos, os trabalhadores têm qualificações superiores às necessárias ao exercício da sua profissão.
Será que, a maior qualificação dos jovens portugueses, levou a que o emprego também esteja cada vez mais qualificado?
Em que tipos de ocupações trabalham os jovens portugueses?
De acordo com os dados do Inquérito ao Emprego, em 2022, 55,5% dos jovens estavam empregados em ocupações tipicamente mais qualificadas, ou seja, em profissões que pertencem aos seguintes grupos profissionais:
_ Representantes do poder legislativo e de órgãos executivos, dirigentes, diretores e gestores executivos;
_ Especialistas das atividades intelectuais e científicas;
_ Técnicos e profissões de nível intermédio.
Em 2011, o cenário era o oposto, com a maioria (55,8%) dos jovens a trabalharem em ocupações que, à partida, requerem menos qualificações, ou seja, em profissões que pertencem aos seguintes grupos profissionais:
_ Pessoal administrativo;
_ Trabalhadores dos serviços pessoais, de proteção e segurança e vendedores;
_ Agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura, da pesca e da floresta;
_ Trabalhadores qualificados da indústria, construção e artífices;
_ Operadores de instalações e máquinas e trabalhadores da montagem;
_ Trabalhadores não qualificados.
Apesar de, em termos agregados, o emprego dos jovens se ter tornado mais qualificado, verifica-se exatamente o oposto se considerarmos apenas os jovens com ensino superior. Enquanto em 2011,83,7% dos jovens com ensino superior trabalhavam em ocupações mais qualificadas, em 2022, eram apenas 77,7%, ou seja, verificou-se uma redução de 6 pontos percentuais.
Esta queda vai ao encontro do aumento da sobrequalificação entre os trabalhadores mais jovens registada na última década.
Distribuição dos Jovens Trabalhadores por Tipo de Profissão
FONTE: INE – Inquérito ao Emprego, FJN/Brighter Future.
NOTA: População Empregada dos 25 aos 34 anos. Não foi considerada a população empregada das Forças Armadas.
Em que grupos profissionais trabalham os jovens portugueses?
Os ‘Especialistas das atividades intelectuais e científicas’, tipicamente mais qualificados que os restantes grupos profissionais, foi o grupo profissional com o maior peso no emprego dos jovens, quer em 2011 como em 2022. Foi também o grupo que registou o maior crescimento neste período passando de 31,1% do total dos jovens em 2011 para39,6% em 2022.
De seguida, surgem os grupos dos ‘Trabalhadores dos serviços pessoais, de proteção e segurança e vendedores’ e dos ‘Técnicos e profissões de nível intermédio’ com um peso no emprego, em2022, de 14,5% e 12,4%, respetivamente.
Face a 2011, os dois grupos profissionais que mais perderam representatividade foram os ‘Trabalhadores qualificados da indústria, construção e artífices’ (redução de 3,8 pontos percentuais) e os ‘Trabalhadores não qualificados’ (redução de 3 pontos percentuais).
No caso dos jovens trabalhadores com ensino superior, os ‘Especialistas das atividades intelectuais e científicas’ foi o grupo com maior representatividade no emprego (59,7%),todavia e contrariamente ao verificado na generalidade dos trabalhadores, o peso no emprego deste grupo profissional reduziu significativamente entre 2011 e 2022: queda de 7,2 pontos percentuais.
Distribuição dos Jovens Trabalhadores por Grupo Profissional
FONTE: INE – Inquérito ao Emprego, FJN/Brighter Future.
NOTA: População Empregada dos 25 aos 34 anos. Não foi considerada a população empregada das Forças Armadas. Os grupos profissionais mais qualificados estão a azul e verde.
Quais são as principais ocupações dos jovens trabalhadores com ensino superior?
A maioria dos jovens trabalhadores com ensino superior encontrava-se, em 2022, em profissões mais qualificadas tais como:
_Profissionais de saúde (13,9%), designadamente:
_Especialistas das ciências físicas, matemáticas, engenharias e técnicas afins (12%), designadamente:
_Especialistas em finanças, contabilidade, organização administrativa, relações públicas e comerciais (11,6%), designadamente:
_Contabilistas, auditores, revisores oficiais de contas e similares
_Analistas em gestão e organização
_Especialistas em publicidade e marketing
Entre 2011 e 2022, o grupo profissional que mais cresceu foi o dos ‘Especialistas em tecnologias de informação e comunicação (TIC)’ cujo peso no emprego dos jovens diplomados do ensino superior aumentou dos 2,5% em 2011 para os 8,9% em 2022. Neste grupo profissional, encontram-se profissões tais como as seguintes:
_Analistas e programadores de software e aplicações
_Especialistas de redes informáticas
No sentido inverso, o grupo profissional dos ‘Professores’ foi o que mais perdeu peso no emprego dos jovens trabalhadores com ensino superior, passando de 16,2% em 2011 para 6,2% em 2022. Neste grupo profissional, encontram-se profissões tais como as seguintes:
_Professores dos ensinos básico (2º e 3º ciclos) e secundário
_Professores do ensino básico (1º ciclo)
_Explicadores, formadores e especialistas em métodos de ensino