Em 2022, 46 cursos não registaram desemprego entre os recém-diplomados

Em 2022, 46 cursos não registaram desemprego entre os recém-diplomados

As expetativas de empregabilidade futura é um critério a ter em conta pelos estudantes no momento de escolherem a área de formação ou o curso do ensino superior que pretendem frequentar. Uma maior empregabilidade no curto a médio prazo é um bom indicador para uma melhor transição para o mercado laboral dos estudantes.

Um indicador que permite aferir a facilidade ou dificuldade à entrada no mercado de trabalho é o desemprego de recém-diplomados do ensino superior. Em 2022, foram vários os cursos do ensino superior sem desemprego entre os seus recém-diplomados.  

Esta análise tem como base os diplomados de licenciaturas e mestrados integrados nos últimos quatro anos letivos com dados disponíveis (2017/2018 a 2020/2021) inscritos como desempregados junto do Instituto de Emprego e Formação Profissional(IEFP).  

Quantos cursos não registaram recém-diplomados desempregados em 2022?  

De acordo com os dados do IEFP, 46 cursos – 43 licenciaturas e 3 mestrados integrados – não registaram qualquer recém-diplomado em situação de desemprego no ano de 2022.

17 destes cursos (cerca de 37%) são da área de ‘Saúde’, com destaque para a licenciatura em enfermagem com 8 cursos de diferentes instituições de ensino superior que não registaram, em 2022, qualquer recém-diplomado como desempregado e 2 mestrados integrados em medicina.

Para além da área da Saúde, existem outras áreas de formação com três ou mais cursos sem recém-diplomados desempregados, nomeadamente:

_Engenharia e técnicas afins: 10 cursos

_Arquitetura e construção: 3 cursos

_Artes: 3 cursos

_Ciências empresariais: 3 cursos

_Formação de professores e ciências da educação: 3 cursos

_Serviços de segurança: 3 cursos

 

Que diferenças existem entre ensino público e privado e entre ensino politécnico e universitário?

A diferença entre ensino público e privada foi significativa: 34 dos 46 cursos (74%) que não registaram, em 2022, qualquer recém-diplomado como desempregado são do ensino público sendo os restantes 12 cursos do ensino privado. No ano anterior esta diferença também foi acentuada, com 70% dos cursos sem recém-diplomados inscritos no IEFP como desempregados a serem do ensino público.

Comparando o ensino universitário com o politécnico as diferenças também foram significativas, com 31 dos 46 cursos (57%) que não registaram, em 2022, qualquer recém-diplomado em situação de desemprego a serem do ensino politécnico e os restantes 15cursos do ensino universitário. Esta discrepância deveu-se, em grande medida, às 8 licenciaturas em enfermagem do ensino politécnico que não registaram qualquer recém-diplomado como desempregado no ano de 2022.  

 

Onde se encontram os cursos sem recém-diplomados desempregados?

De acordo com os dados sobre recém-diplomados inscritos no IEFP, apenas disponíveis para Portugal continental, 19 dos 46 cursos (41%) sem qualquer recém-diplomado em situação de desemprego encontram-se em instituições cuja unidade orgânica se localiza na Área Metropolitana de Lisboa. Destacaram-se, no ensino público ,a Universidade de Lisboa e o Instituto Politécnico de Lisboa com 5 e 4 cursos sem qualquer recém-diplomado inscrito no IEFP como desempregado, respetivamente.

Na região Norte e Centro, o número de cursos que não registaram qualquer recém-diplomado em situação de desemprego também foi significativo com 11 e 9 cursos, respetivamente. Para as restantes regiões, foram menos os cursos sem qualquer recém-diplomado desempregado:

_Alentejo: 4 cursos

_Algarve: 3 cursos

Cursos sem qualquer recém-diplomado inscrito como desempregado no IEFP (2022)

Fonte: IEFP, DGEEC, FJN/Brighter Future.  
NOTA: Consideram-se apenas os recém-diplomados de cursos de licenciatura e mestrado integrado de Portugal continental com pelo menos 30 diplomados.

Existem diferenças face ao ano anterior?

Em 2021, foram 37 as licenciaturas ou os mestrados integrados sem recém-diplomados desempregados. Ou seja, em 2022, houve um aumento do número de cursos sem qualquer recém-diplomado em situação de desemprego de aproximadamente 24%: de 37para 46 cursos.

Apesar do crescimento, o número de cursos sem nenhum aluno recém-diplomado inscrito no IEFP foi, em 2022, ainda bastante inferior aos 66 cursos de 2019: redução de 30%. Ou seja, em 2022, o número de cursos sem qualquer recém-diplomado em situação de desemprego ainda não recuperou para os níveis pré-pandemia.

Não obstante, o aumento do número de cursos sem qualquer recém-diplomado em situação de desemprego acompanhou a diminuição do risco de desemprego entre os recém-diplomados de 5,1% em 2020 para 4,4% em 2021 e 3,3% em 2022 (DGEEC).  

 

Existem diferenças significativas em 2021 e 2022 a nível das áreas de formação?

Apesar do maior número de cursos sem recém-diplomados desempregados em 2021, o número de as áreas de formação com pelo menos um curso sem qualquer recém-diplomado desempregado foi igual em ambos os anos: 11 áreas de formação, embora não tenham sido exatamente as mesmas.

Para além das 9 áreas de formação com pelo menos um curso sem desemprego comuns a 2021 e 2022, isso também aconteceu, em 2022, noutras 2 áreas:

_Agricultura, silvicultura e pesca: 1 curso

_Indústrias transformadoras:  1 curso

No sentido oposto, encontra-se as áreas de ‘Ciências da vida’ e ‘Matemática e estatística’, não representadas em 2022, com 2 e 1 curso em 2021, respetivamente.

Para as 9 áreas de formação comuns a ambos os períodos verificou-se, em 2022, um aumento generalizado no número de cursos sem qualquer recém-diplomado inscrito no IEFP em situação de desemprego. Destacam-se as seguintes com um aumento igual ou superior a 2 cursos entre 2021 e 2022:

_Saúde: 11cursos em 2021 para 17 cursos em 2022

_Engenharia e técnicas afins: 8 cursos em 2021 para 10 cursos em 2022

_Serviços de segurança: 1 curso em 2021 para 3 cursos em 2022

A única exceção foi a área das ‘Ciências sociais e do comportamento’ com uma redução de 2 para 1 curso em 2022, contrariando a tendência de crescimento em termos agregados.

Número de cursos que, de acordo como IEFP, não registaram qualquer recém-diplomado como desempregado por área deformação (2021 e 2022)

Fonte: IEFP, DGEEC, FJN/Brighter Future.  
NOTA: Consideram-se apenas os recém-diplomados de cursos de licenciatura e mestrado integrado em Portugal continental com pelo menos 30 diplomados.

O que nos diz e não nos diz este indicador?

Este indicador da taxa de desemprego dos recém-diplomados é baseado nos desempregados registados no IEFP, e, portanto, pode também ser influenciado pela propensão dos diplomados de diferentes áreas se inscreverem ou não no IEFP que poderá depender, por exemplo, da probabilidade de encontrarem emprego por esta via.

Além disso, este indicador não permite avaliar a qualidade do emprego dos restantes recém-diplomados que se encontrem a trabalhar. Por outras palavras, os recém-diplomados podem ter empregos desadequados quer à área de formação como inclusive ao nível de ensino que acabaram de completar.

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