A ansiedade e o que podemos fazer para a controlar
A ansiedade e o que podemos fazer para a controlar
O que é a ansiedade?
A ansiedade é uma resposta normal dos seres vivos a situações potencialmente ameaçadoras da integridade física ou psicológica. Em situações normais, a ansiedade prepara-nos para a adversidade e melhora a nossa performance, garantindo a proteção da nossa integridade. Numa situação de ansiedade, há uma ativação global do organismo em que a nossa atenção se foca nos estímulos ameaçadores: os batimentos cardíacos aumentam e a respiração fica descontrolada.
Normalmente, as respostas ansiosas terminam quando a perceção de ameaça também desaparece. Contudo, quando a ansiedade tem uma duração ou uma dimensão excessiva pode afetar de uma forma negativa a vida das pessoas, estabelecendo-se uma situação de doença, que denominamos de Perturbação de Ansiedade.
As perturbações de ansiedade são, na verdade, um conjunto de doenças entre as quais se destacam a Perturbação de Ansiedade Generalizada, a Perturbação de Pânico ou as Fobias. Podem afetar até33% da população mundial e, em situações excecionais como guerras ou pandemias, podem prevalecer de forma mais elevada.
Embora a ansiedade seja universal e não possa ser evitada, pode ser prevenida através da adoção de estilos de vida saudáveis, nomeadamente no que diz respeito aos hábitos de sono, dieta e atividade física. O auto-conhecimento, as técnicas de relaxamento e meditação também contribuem para o bem-estar global e a manutenção da saúde mental.
Felizmente, existem tratamentos que podem controlar e tratar definitivamente as perturbações de ansiedade. Antes de iniciar qualquer tratamento é fundamental uma avaliação por um profissional de saúde mental (médico de família, psicólogo ou psiquiatra) que irá estabelecer o diagnóstico e propor as diferentes opções de tratamento. Nas situações mais ligeiras, a psicoeducação e os grupos de auto-ajuda podem dar um contributo importante para o controlo dos sintomas. Em situações mais exigentes, os tratamentos mais comuns e com maior taxa de sucesso são a psicoterapia e a medicação.
A que sintomas devemos dar atenção?
É muito importante reconhecer os principais sinais e sintomas das perturbações de ansiedade para atuar de forma antecipada.
As perturbações de ansiedade incluem sintomas emocionais, neurovegetativos, comportamentais e cognitivos podendo originar comportamentos de evitamento. Estas doenças podem ser bastantes diferentes e podem, frequentemente, ser confundidas com doenças não psiquiátricas.
Os sintomas mais comuns, que são também transversais à maioria das perturbações de ansiedade,
são as preocupações excessivas e incontroláveis, os sintomas físicos como a aceleração do ritmo cardíaco e da respiração, as dores musculares, os sintomas gastrointestinais e as alterações do sono e do apetite.
Na Perturbação de Ansiedade Generalizada, é comum que as preocupações excessivas e difíceis de controlar permaneçam durante grande parte do dia, dificultando a concentração e o desempenho pessoal e profissional. Além disso, é frequente o aumento da irritabilidade e a insónia no início da noite.
Na Perturbação de Pânico, os ataques de pânico são frequentes. Estes são períodos curtos de ansiedade incontrolável, em que as pessoas têm a sensação de perda de controlo, pensando que podem morrer ou ficar gravemente incapacitadas, em consequência desse ataque. É comum a sensação de respiração descontrolada e o aumento da frequência cardíaca. Apesar de não terem consequências para a saúde física, os ataques de pânico geram um grande sofrimento e podem levar a que os indivíduos evitem alguns locais ou ações que associem a novos ataques.
As Perturbações Fóbicas são as perturbações de ansiedade mais comuns. Neste caso, verifica-se um medo irracional e incontrolável de determinadas situações, locais ou objetos, que gera uma ansiedade intensa e que tem como consequência comportamentos de evitamento. Na Perturbação de Agorafobia, por exemplo, as pessoas têm receio de estar em locais muito cheios, onde possa ser difícil sair. Na Perturbação de Fobia Social, os indivíduos têm um medo excessivo e persistente de situações em que são expostos a pessoas estranhas ou ao possível julgamento por parte dos outros. Além destas situações, as fobias podem ser específicas a certas situações, como andar de avião, ou a animais, como aranhas ou répteis.
Como funcionam os tratamentos das perturbações de ansiedade?
Embora a ansiedade seja uma resposta normal que promove a adaptação e a proteção das pessoas em relação a situações potencialmente ameaçadoras, quando os sintomas de ansiedade se mantêm intensos e têm impacto no dia-a-dia por um período significativo, é importante partilhar esta experiência com um amigo ou familiar, bem ser avaliado por um profissional de saúde.
No caso de ser diagnosticada uma Perturbação de Ansiedade, o tratamento deve ser adequado às características de cada pessoa, ao tipo de sintomas e à sua gravidade. A maioria das situações ligeiras podem ser tratadas com recurso a grupos psicoeducativos e psicoterapêuticos, como psicoterapia. Nas situações de sintomas moderados ou graves, o tratamento a ser escolhido deve incluir a conjugação de medicação e terapia.
Os tratamentos farmacêuticos para as perturbações de ansiedade são os antidepressivos e os ansiolíticos. Os antidepressivos mantêm-se normalmente por um período mínimo de seis meses após o desaparecimento dos sintomas, enquanto os ansiolíticos são utilizados nas fases iniciais do tratamento para garantir uma melhor adaptação à medicação e uma melhoria mais rápidas dos sintomas.
Tal como a medicação, a psicoterapia deve ser adequada às necessidades de cada pessoa e deve utilizar técnicas cientificamente fidedignas como as intervenções de natureza cognitivo-comportamentais. A psicoterapia deve ser realizada em várias sessões, durante um período de tempo, que pode ser diferente para cada pessoa. Estas devem ser conduzidas por um psicólogo ou psiquiatra com formação específica em psicoterapia.
Quando tratadas de forma adequada, pode haver melhorias nas perturbações de ansiedade, podendo ser recuperadas na totalidade.
A prevenção da doença é tão importante como a deteção atempada e o tratamento adequado, pelo que os estilos de vida saudáveis, o auto-conhecimento e a utilização de técnicas para gestão da ansiedade são fundamentais o bem-estar pessoal e a redução do risco de doença.
Pedro Morgado
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