Em 2022, o risco de desemprego dos recém-diplomados foi inferior ao de 2019

Em 2022, o risco de desemprego dos recém-diplomados  foi inferior ao de 2019

Os últimos anos ficaram sobretudo marcados pela crise pandémica e pelos subsequentes impactos a nível económico e social. A crise sanitária teve efeitos no mercado de trabalho, principalmente entre os mais jovens que, tradicionalmente, estão entre os mais vulneráveis nos ciclos económicos recessivos. Estes períodos são ainda mais desafiantes para os jovens que terminam um grau de ensino e pretendem entrar no mercado de trabalho pois, tipicamente, não têm experiência profissional e concorrem com grupos de jovens trabalhadores mais experientes e com mais competências profissionais.

Importa, portanto, olhar para o desemprego dos recém-diplomados do ensino superior, que permite aferir a maior ou menor facilidade da sua entrada no mercado de trabalho. Este indicador tem como base os recém-diplomados – alunos diplomados nos últimos quatro anos letivos – de licenciaturas e mestrados integrados inscritos como desempregados junto do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).

Como tem evoluído este indicador nos últimos anos? Que tipos de ensino, áreas deformação e regiões apresentam maior e menor propensão ao desemprego? Este Insight pretende responder a estas perguntas.

A evolução deste indicador revela que no ano de 2020, marcado pelo início da crise pandémica, a transição dos recém-diplomados para o mercado de trabalho foi mais difícil. Comparando com 2019, a propensão ao desemprego dos recém-diplomados aumentou em2020 mais de 1,5 pontos percentuais – de 3,6% em 2019 para 5,1% em 2020. Este aumento no risco de desemprego inverteu a tendência decrescente que se vinha a verificar desde 2014.

O risco de desemprego dos recém-diplomados do ensino superior voltou a diminuir em 2021 (de 5,1% em 2020 para 4,4% em 2021) e também em 2022 em mais de 1 ponto percentual, dos 4,4% em 2021 para os 3,3% em 2022.

De facto, a propensão ao desemprego foi, pela primeira vez, inferior à registada no período pré-pandemia: o risco de desemprego dos recém-diplomados foi, em 2022, inferior em 0,3 pontos percentuais ao registado em 2019, antes do início da crise pandémica.

Propensão ao desemprego dos recém-diplomados entre 2014 e 2022

Fonte: IEFP,DGEEC, FJN/Brighter Future.
NOTA: Consideram-se apenas os recém-diplomados de cursos de licenciatura e mestrado integrado com pelo menos 30 diplomados.

Uma redução em todos os tipos de ensino, mas foi mais acentuada no ensino público universitário

A redução da propensão ao desemprego de recém-diplomados foi transversal aos diferentes tipos de ensino superior – público, privado, politécnico e universitário –embora com diferentes magnitudes.

De 2021 para 2022, a propensão ao desemprego decresceu para todos os tipos de ensino, pelo menos em 0,8 pontos percentuais. A queda mais significativa registou-se no ensino superior privado universitário, com uma redução aproximada de 1,4 pontos percentuais. Apesar da redução, este tipo de ensino continua a ser o que apresenta o maior risco de desemprego: 3,8%, em 2022.

Já a menor propensão ao desemprego verificou-se entre os recém-diplomados do ensino superior público universitário – 3% em 2022. Este foi também o tipo de ensino com a menor propensão ao desemprego em 2019, 2020 e 2021.

A propensão ao desemprego do ensino superior politécnico foi, em 2022, de 3,6%, quer no ensino superior público como no privado.

Propensão ao desemprego em 2021 e 2022 e variação da propensão ao desemprego entre 2021 e 2022 por tipo de ensino

Fonte: IEFP,DGEEC, FJN/Brighter Future.
NOTA: Consideram-se apenas os recém-diplomados de cursos de licenciatura e mestrado integrado com pelo menos30 diplomados. p.p. - pontos percentuais.

Em que regiões os recém-diplomados enfrentam maior risco de desemprego?

Há diferenças de relevo na propensão ao desemprego dos recém-diplomados do ensino superior entre as diferentes regiões de Portugal continental. Estas regiões dizem respeito à localização das unidades orgânicas do ensino superior e não ao local de residência dos diplomados.

Face a 2021, a propensão ao desemprego reduziu em 2022 para todas as regiões em pelo menos 0,9pontos percentuais. A região que, em 2021, apresentava os níveis mais altos de propensão ao desemprego – Algarve – foi também a que registou a maior redução:1,9 pontos percentuais. Com esta forte redução, o Algarve deixou de ser a região de Portugal continental com o maior risco de desemprego dos recém-diplomados, posição que, em 2022, passou a ser ocupada pelas regiões Norte e Alentejo, com cerca de 4%.  

A região Centro teve a segunda menor redução da propensão ao desemprego – 0,9 pontos percentuais – situando-se, em 2022, nos 3,7%.

Embora tenha sido a região com o menor decréscimo da propensão ao desemprego entre 2021 e 2022, a Área Metropolitana de Lisboa continuou a ser a região de Portugal continental onde os recém-diplomados enfrentam menor risco de desemprego (2,6%em 2022).

Propensão ao desemprego em 2022 e variação da propensão ao desemprego entre 2021 e 2022 por região

Fonte: IEFP, DGEEC, FJN/Brighter Future.
NOTA: Consideram-se apenas os recém-diplomados de cursos de licenciatura e mestrado integrado com pelo menos 30 diplomados.

A propensão ao desemprego dos recém-diplomados reduziu em todas as áreas de formação

A propensão ao desemprego variou substancialmente entre os recém-diplomados das diferentes áreas de formação. Em 2022, havia diferenças na propensão ao desemprego na ordem dos 5 pontos percentuais.

As áreas de formação cujos recém-diplomados apresentaram uma maior propensão ao desemprego em 2022 foram:

_Serviços sociais: 6,5%

_Informação e jornalismo: 5,5%

_Arquitetura e construção: 5%

As áreas dos ‘Serviços sociais’ e ‘Informação e jornalismo’ já se encontravam entre as duas áreas com maior risco de desemprego quer em 2020 como em 2021.

No polo oposto, encontram-se áreas de formação com uma propensão ao desemprego dos recém-diplomados inferior ou igual a 1,6% no ano de 2022:

_Saúde: 1,2%

_Matemática e estatística: 1,5%

_Engenharia e técnicas afins: 1,6%

As áreas deformação com o maior risco de desemprego em 2022 foram também as que tiveramuma maior redução do risco entre 2021 e 2022, nomeadamente:  

_Serviços pessoais: -1,9 p.p.

_Informação e jornalismo: -1,7 p.p.

_Arquitetura e construção: -1,7 p.p.

Propensão ao desemprego em 2022 e variação da propensão ao desemprego entre 2021 e 2022 por área deformação

Fonte: IEFP, DGEEC, FJN/Brighter Future.
NOTA: Consideram-se apenas os recém-diplomados de cursos de licenciatura e mestrado integrado com pelo menos 30 diplomados. Não estão representadas as áreas de formação com menos de 1000 diplomados entre os anos letivos 2017/2018 e 2020/2021.

O que nos diz e não nos diz este indicador?

Este indicador da taxa de desemprego dos recém-diplomados é baseado nos desempregados registados no IEFP, e portanto, pode ser influenciado pela propensão dos diplomados de diferentes áreas se inscreverem ou não no IEFP que poderá depender, por exemplo, da probabilidade de encontrarem emprego por esta via.

Além disso, esteindicador não permite avaliar a qualidade do emprego dos restantesrecém-diplomados que se encontram a trabalhar. Por outras palavras, osrecém-diplomados podem ter empregos desadequados quer à área de formação comoinclusive ao nível de ensino que acabaram de completar.

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