Os diplomados dos CTeSP no mercado de trabalho quase duplicaram desde 2017
O QUE É UM CTESP?
Os Cursos Técnicos Superiores Profissionais (CTeSP) foram criados em 2014, com uma forte índole regional, oferecidos unicamente em escolas do ensino politécnico, com os objetivos de alargar e diversificar a oferta de ensino superior, bem como de atrair novos públicos, designadamente jovens oriundos do ensino secundário profissional e adultos que procuram adquirir conhecimentos mais técnicos e direcionados para o mercado de trabalho.
Pelo facto de serem cursos recentes, o número de pessoas que completaram estes cursos e já estão no mercado de trabalho é ainda reduzido, mas está em claro crescimento. Graças ao inquérito que o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social faz anualmente a todas as empresas, é possível ter informação detalhada sobre o emprego e salários dos diplomados em cursos TeSP.
O número de diplomados dos CTeSP tem crescido nos últimos anos letivos
De acordo com os dados da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), desde o ano letivo de 2015/2016 que o número de diplomados do ensino superior dos cursos TeSP tem aumentado de forma continuada: entre 2017/2018 e 2019/2020, o crescimento anual dos diplomados destes cursos foi sempre superior a 11%.
Em 2020/2021, o crescimento face ao ano letivo anterior foi inferior (8%). Não obstante, os diplomados dos CTeSP, representaram cerca de 6,2% de todos os diplomados do ensino superior (ou seja, diplomados de cursos TeSP, Licenciaturas, Mestrados Integrados, Mestrados de 2º ciclo e Doutoramentos).
Mais de metade (53%) dos diplomados dos CTeSP em 2020/2021 concentraram-se em apenas três áreas de formação:
- Ciências empresariais (21,7%)
- Engenharia e técnicas afins (15,7%)
- Informática (15,6%)
Os diplomados CTeSP das áreas dos Serviços pessoais, Serviços sociais e Artes também representaram, individualmente, cerca de 10% do total de diplomados dos cursos TeSP em 2020/2021.
Distribuição dos diplomados dos CTeSP no ano letivo 2020/2021 por área de formação
FONTE: DGEEC, FJN/BRIGHTER FUTURE.
Será que o crescimento dos diplomados dos CTeSP já se fez notar no mercado de trabalho?
O NÚMERO DE TRABALHADORES COM UM CTESP QUASE DUPLICOU ENTRE 2017 E 2020
A forte tendência de crescimento dos trabalhadores com CTeSP, verificada entre 2017 e 2019, continuou no ano de 2020. Em 2020, já eram mais de 2280 os diplomados destes cursos a trabalhar em empresas portuguesas, o que corresponde a um aumento de 23% face a 2019 e de 94% face a 2017. Ou seja, em cerca de três anos, o número de trabalhadores com CTeSP quase duplicou.
Apesar deste forte crescimento, os diplomados destes cursos ainda representavam, em 2020, uma fatia bastante pequena dos trabalhadores (0,07%) e dos que continuaram a estudar após o ensino secundário (0,32%).
Evolução do número de trabalhadores diplomados de CTeSP, por género
FONTE: QUADROS DE PESSOAL (GEP/MTSSS), FJN/BRIGHTER FUTURE.1
QUEM SÃO OS TRABALHADORES QUE COMPLETARAM UM CTESP?
Em 2020, verificou-se um relativo equilíbrio entre homens e mulheres diplomados de cursos TeSP no mercado laboral: 52% dos trabalhadores em empresas eram homens e 48% mulheres. Apesar das diferenças serem escassas, em 2020, os homens com CTeSP figuravam novamente em maioria depois de, em 2019, o número de mulheres diplomadas dos cursos TeSP ter sido ligeiramente superior ao dos homens.
A maioria dos trabalhadores diplomados dos CTeSP é jovem: 55% tinham, em 2020, menos de 35 anos. Os grupos etários dos 25 aos 34 anos e dos 35 aos 44 anos tiveram a maior representatividade, com 40% e 29% dos trabalhadores com este nível de escolaridade no ano de 2020, respetivamente. Os restantes diplomados encontravam-se na faixa etária dos 15 aos 24 anos (15%) e dos 44 aos 55 anos (14%). Somente 2% dos trabalhadores diplomadas de cursos TeSP tinham, em 2020, mais de 55 anos de idade.
Distribuição dos trabalhadores diplomados de CTeSP por género, faixa etária e região em 2020
FONTE: QUADROS DE PESSOAL (GEP/MTSSS), FJN/BRIGHTER FUTURE.2
ONDE TRABALHAM OS DIPLOMADOS DOS CURSOS TESP?
Mais de metade dos trabalhadores diplomados dos CTeSP estavam, em 2020, a trabalhar em empresas na região Norte (31%) e na Área Metropolitana de Lisboa (28%). O peso das restantes regiões foi menor:
- Centro (21%)
- Açores (10%)
- Alentejo (5%)
- Algarve (3%)
- Madeira (2%)
EM QUE SETORES TRABALHAM OS DIPLOMADOS DOS CTESP?
Em 2020, os cerca de 2280 trabalhadores diplomados de cursos TeSP, estavam empregados em diferentes setores de atividade.
Apesar de não se ter verificado uma concentração particularmente elevada dos trabalhadores com CTeSP num setor de atividade económica específico, os setores com maior expressão no número de diplomados dos CTeSP em 2020 foram os seguintes:
- Comércio (17,6%)
- Atividades de saúde humana e apoio social (13,7%)
- Atividades de consultoria, científicas e técnicas (12,9%)
- Serviços de informação e de comunicação (9,1%)
- Indústrias transformadoras (8,9%)
- Construção (6,3%)
- Alojamento e restauração (5,5%)
Apesar de isoladamente serem menos significativos, os restantes setores representaram conjuntamente cerca de 26% dos trabalhadores com CTeSP.
Top dos setores de atividade com mais trabalhadores diplomados de CteSP em 2020
FONTE: QUADROS DE PESSOAL (GEP/MTSSS), FJN/BRIGHTER FUTURE.1
O SALÁRIO MÉDIO DOS DIPLOMADOS DOS CTESP AUMENTOU 5,2% ENTRE 2019 E 2020
O salário médio real dos trabalhadores com CTeSP aumentou 5,2% em 2020 face ao ano anterior. Este aumento acompanhou, deste modo, o crescimento generalizado dos salários no ano que marcou o início da pandemia, em comparação com 2019.
Comparando 2017 com 2020, o crescimento foi ainda mais expressivo, com o salário médio real dos diplomados dos CTeSP a crescer cerca de 10% neste período – um valor em linha com o verificado para a generalidade dos trabalhadores.
Em 2020, o salário médio dos diplomados dos CTeSP foi de 1154€, variando consoante a idade e experiência dos trabalhadores.
No caso particular dos trabalhadores diplomados de cursos TeSP, com idades compreendidas entre os 25 e 34 anos – o grupo etário onde se encontra a maior proporção de diplomados de CTeSP – o salário médio foi, em 2020, de 1092€.
Evolução do salário médio real dos trabalhadores diplomados de CTeSP por faixa etária
FONTE: QUADROS DE PESSOAL (GEP/MTSSS), FJN/BRIGHTER FUTURE.3
COMPLETAR UM CTESP COMPENSA CADA VEZ MAIS
A comparação dos salários médios dos trabalhadores com diferentes níveis de escolaridade revela que completar um CTeSP compensa. Em termos agregados, quem completou um CTeSP ganhava, em 2020, mais 4,1% do que quem terminou apenas o ensino secundário. Em 2017, este prémio salarial foi de aproximadamente 1%.
O ganho salarial em comparação com o ensino básico foi ainda mais acentuado, com os trabalhadores diplomados dos cursos TeSP a auferirem, em 2020, um salário médio cerca de 25% superior aos trabalhadores com apenas o ensino básico.
É no grupo dos 25 aos 34 anos que mais compensa completar um CTeSP. Em 2020, o salário médio dos diplomados de um CTeSP, nesta faixa etária, foi 12,5% superior ao salário médio de um trabalhador com apenas o ensino secundário completo. De 2018 em diante, a vantagem salarial de completar um CTeSP, em comparação com o ensino secundário, tem crescido de forma continuada.
Apesar deste crescimento salarial, o salário médio dos licenciados continuou a ser bastante superior ao dos diplomados dos CTeSP (25%), também entre os 25 e os 34 anos.
Evolução do rácio salarial entre níveis de escolaridade (CTeSP vs. E. secundário, CTeSP vs. E. Básico e entre Licenciatura vs. CTeSP), por faixa etária
FONTE: QUADROS DE PESSOAL (GEP/MTSSS), FJN/BRIGHTER FUTURE.3
MAIS INFORMAÇÃO SOBRE OS CTESP
O CTeSP é um ciclo de estudos superior não conferente de grau académico, com 120 créditos ECTS e uma duração de dois anos, cuja conclusão com aproveitamento conduz à atribuição do diploma de técnico superior profissional de nível 5 do Quadro Nacional de Qualificações nas áreas de formação que ministra.
Integra disciplinas de formação geral e científica (30%), disciplinas de formação técnica (70%) e formação em contexto de trabalho, que se concretiza através de um estágio com duração de pelo menos um semestre.
O valor das propinas dos CTeSP é o mesmo do das licenciaturas e mestrados integrados, sendo fixado pelas instituições de ensino superior. No ensino superior público, para o ano letivo de 2021/2022, o valor máximo da propina a fixar pelas instituições de ensino superior não pode ser superior ao valor fixado no anterior ano letivo, mantendo-se assim em 697€. As condições de acesso a bolsas de estudo são as mesmas das dos estudantes das licenciaturas ou dos mestrados.
Os diplomados com um CTeSP podem aceder e ingressar nos ciclos de estudos de licenciatura e mestrado integrado, através de um concurso especial próprio, adquirindo o respetivo grau académico.
Clica em CURSOS no menu do Brighter Future e pesquisa os diferentes CTeSP de acordo com os teus interesses: área de formação, região, ensino público ou privado.