Burnout e Stress
Burnout e Stress
O que é o Burnout?
O Burnout foi abordado pela primeira vez em 1974, mas tem sido cada vez mais um tema em debate. Em março de 2021, Portugal foi apontado como o país da União Europeia com maior risco de Burnout.
O Burnout é designado como um fenómeno ocupacional, que não é considerado como doença ou condição médica. Esta síndrome está associada a uma atividade na qual uma pessoa ocupa uma parte significativa da sua vida, como por exemplo, o trabalho ou a escola, que resulta em stress crónico, associado a essa atividade.
Esta condição caracteriza-se por sentimentos de exaustão física e/ou mental, emoções negativas relacionadas como trabalho e baixa realização profissional, com diminuição de produtividade.
Neste sentido, o Burnout diz respeito, especificamente, a fenómenos relacionados com o contexto ocupacional e não deve ser aplicado a outras áreas de vida.
Quais são as causas e os fatores de risco para o desenvolvimento desta síndrome?
Apesar desta situação estar diretamente relacionada com o contexto profissional, a sua origem pode ter diversos fatores. O Burnout desenvolve-se devido a fatores relacionados com a atividade ocupacional, nomeadamente, o tipo de tarefas, a autonomia ou a organização, associados a características pessoais, familiares e sociais.
Quais os sintomas a que devemos estar atentos?
Sendo uma síndrome, o Burnout apresenta um conjunto de sinais e sintomas que podem refletir-se em vertentes físicas ou mentais. Os sintomas físicos podem ser muito diversificados, desde problemas gastrointestinais, sensação de falta de ar, palpitações, dores de cabeça e alterações do sono, sobretudo, insónia. Para além disto, é possível surgir emoções negativas, como tristeza, apatia, falta de satisfação no dia-a-dia, raiva e até frustração. Estas emoções podem ter impacto a nível social, como um maior isolamento e, consequentemente, problemas nas relações com os outros, quer no trabalho, como na família ou nos grupos de amigos. Também podem surgir sintomas cognitivos como problemas de concentração, confusão e pensamentos receosos. Em casos mais extremos, podem estar associados a pensamentos sobre a morte. Na verdade, a síndrome de Burnout pode evoluir para certas doenças psiquiátricas, como a Depressão e as Perturbações de Ansiedade.
Como distinguimos a Síndrome de Burnout do Stress e da Depressão?
A síndrome de Burnout é, muitas vezes, confundida com outros problemas psiquiátricos, uma vez que têm alguns sintomas em comum. É, assim, essencial distinguirmos de forma clara estes conceitos e estarmos atentos aos detalhes deforma a fazer um diagnóstico correto.
No que diz respeito ao Stress, este é visto como uma resposta física e psicológica, que pode ocorrer em qualquer evento que produza uma maior pressão. Tipicamente, termina quando esse mesmo evento é concluído. Por exemplo, imaginemos um estudante: quando este tem uma prova de avaliação é normal sentir-se mais ansioso e concentrar todas as suas ações para obter bons resultados. Após este momento de avaliação, o aluno irá relaxar e voltar a concentrar-se noutras tarefas.
Relativamente ao Burnout, os sintomas tendem a surgir devido ao trabalho ou aos estudos e, consequentemente, podem afetar outras áreas de vida. Tendem a existir de forma mais prolongada e a estar presentes mesmo em situações em que a exigência não é tão alta. Por exemplo, no caso do estudante, os sintomas permaneceriam para além da situação da avaliação.
Por último, quando comparamos o Burnout e a Depressão, percebemos que alguns dos sintomas são comuns, como o humor depressivo, a lentificação psicomotora, a baixa auto-estima, a falta de prazer, entre outros. Então o que os faz distinguir? Em primeiro lugar, na Depressão os sintomas estão relacionados diretamente com todos os aspetos da sua vida e, no Burnout, os sintomas estão diretamente relacionados com a atividade ocupacional. Em segundo lugar, o Burnout pode resolver-se com o afastamento do ambiente que fizerem despoletar os sintomas, enquanto isso não acontece com o Síndrome Depressivo.
Como tratar o Burnout?
O primeiro passo para se iniciar o tratamento do Burnout é reconhecer a sintomatologia referida anteriormente. Depois disto, é importante procurar ajuda e falar sobre este problema.
Quando estes passos já estão assegurados, o tratamento implica melhorar as condições que levaram ao desenvolvimento da sintomatologia, nomeadamente as condições de trabalho e as relações profissionais, diminuindo o isolamento. Pode ser também necessário o afastamento temporário ou a longo prazo do local de trabalho.
Adicionalmente, é essencial priorizar o autocuidado, começando por criar bons hábitos de sono, fazer uma alimentação adequada e praticar exercício físico. Efetivamente, este processo deve ser orientado por um profissional de saúde especializado.
Por vezes, quando já está presente sintomatologia depressiva e/ou ansiosa poderá ser necessário a prescrição de medicação antidepressiva e/ou ansiolítica, com acompanhamento por psiquiatria.
Podemos prevenir o Burnout?
Tão importante como falarmos do tratamento é falarmos de como prevenir esta síndrome.
Em primeiro lugar, é importante perceber quais as funções associadas ao trabalho desenvolvido, o horário definido e a organização do serviço para, desta forma, arranjar a melhor forma de conseguirmos adaptar a carga de trabalho ao horário. É essencial criar boas relações, tendo com quem falar sobre frustrações e também sobre aspetos positivos.
Da mesma forma, devem ser definidos e respeitados os períodos de descanso, nomeadamente as férias, as folgas e os períodos pós-laborais. Esses momentos devem ser reservados exclusivamente para atividades de lazer que vão ao encontro das preferências pessoais. A alimentação saudável e a realização de exercício físico ajudam no tratamento desta síndrome, mas são também fundamentais na prevenção da mesma.
As empresas também têm um papel importante na prevenção e gestão do Burnout. Para conseguir ajudar na prevenção, estudos mostram que os horários devem ser previsíveis, devendo ser realizada uma compensação do trabalho por turnos. Devem também ser assegurados períodos de descanso e existir justiça organizacional e remuneratória. Além das empresas, também as Universidades devem estar atentas e aplicar medidas para ajudar os seus estudantes. É indispensável a criação de gabinetes de apoio, a gestão do horário dos alunos e o encorajamento para a realização de atividades de lazer.
Além das intervenções organizacionais, cada pessoa pode trabalhar as suas competências emocionais e relacionais, bem como de gestão do tempo, através de estratégias relacionadas com a promoção do bem-estar, do autoconhecimento e da saúde mental, através de ferramentas como a aplicação 29K FJN.
É importante conhecermos a definição e os fatores de risco do Burnout, deforma a prevenirmos o seu aparecimento e, quando a sintomatologia surgir, deve agir-se precocemente. Sendo esta uma condição que cada vez mais afeta a nossa comunidade, devemos criar na sociedade mecanismos adaptativos para prevenir e tratar a mesma.
Beatriz Couto
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