Jovens trabalhadores são cada vez mais qualificados mas também sobrequalificados para os empregos que ocupam

O nível de qualificações entre os jovens trabalhadores portugueses aumentou nos últimos anos. A percentagem de trabalhadores em empresas entre os 25 e os 34 anos que completaram o ensino superior aumentou de 24,2% em 2010 para 29,5% em 2018.

Mas será que estes jovens diplomados estão a trabalhar em ocupações que exigem o ensino superior?

MAIS IMPORTANTE, SERÁ QUE O AUMENTO DAS QUALIFICAÇÕES DOS JOVENS PORTUGUESES SE TEM TRADUZIDO NUM EMPREGO ADEQUADO AOS SEUS NÍVEIS DE ESCOLARIDADE?

O desfasamento entre o nível de qualificações e o nível de escolaridade requerido no exercício de uma profissão designa-se sobrequalificação e é medido através da percentagem de jovens trabalhadores de empresas (25-34 anos) com ensino superior completo a exercer ocupações que não o exigem.

Em 2018, entre os trabalhadores em empresas dos 25 aos 34 anos que completaram o ensino superior, cerca de 30,1% eram sobrequalificados para a profissão que exerciam, mais 6% do que em 2010 (24,1%). O crescimento na taxa de sobrequalificação tem vindo a acompanhar a crescente qualificação dos mais jovens, sugerindo que, a nível nacional, a melhoria das qualificações não tem sido acompanhada por um aumento da qualidade do emprego.

Evolução da percentagem de jovens trabalhadores diplomados e da taxa de sobrequalificação*

FONTE: FJN/BRIGHTER FUTURE, QUADROS DE PESSOAL (GEP/MTSSS)1

QUAIS SÃO AS REGIÕES DE PORTUGAL COM MAIOR PERCENTAGEM DE JOVENS SOBREQUALIFICADOS?

É no Algarve que a percentagem de jovens trabalhadores diplomados sobrequalificados é maior – cerca de 44%. Esta região destaca-se por ser a segunda região com menor percentagem de jovens trabalhadores com o ensino superior (20,5%) e a região onde a sobrequalificação é mais pronunciada.

Taxa de sobrequalificação* por região, 2018

FONTE: FJN/BRIGHTER FUTURE, QUADROS DE PESSOAL (GEP/MTSSS)2

As regiões dos Açores, Centro, Alentejo e Madeira também apresentam taxas de sobrequalificação acima da média nacional. Em contraste, a região Norte e a Área Metropolitana de Lisboa – que são as regiões com maior número de trabalhadores em empresas – apresentam uma taxa de sobrequalificação muito próxima da média nacional: 28,3% e 29,7%, respetivamente.

A sobrequalificação aumentou em todas as regiões de Portugal entre 2010 e 2018, com maior incidência no Algarve e nos Açores:

  • Algarve: aumento de 14,4 pontos percentuais
  • Açores: aumento de 18,9 pontos percentuais

QUAL A RELAÇÃO ENTRE O CRESCIMENTO DA SOBREQUALIFICAÇÃO E DOS TRABALHADORES DIPLOMADOS?

Contrariamente ao expectável, é nas regiões com menor crescimento de qualificações superiores que se tem verificado um maior avanço da sobrequalificação.

Da evolução da percentagem de jovens trabalhadores diplomados e da taxa de jovens trabalhadores sobrequalificados por região, identificam-se dois padrões distintos.

Na Área Metropolitana de Lisboa e nas regiões Centro e Norte, o ritmo de crescimento da percentagem de jovens diplomados e da percentagem de sobrequalificados tem sido relativamente semelhante.

Por outro lado, o ritmo de crescimento da sobrequalificação tem sido muito superior ao ritmo de crescimento das qualificações dos trabalhadores no Alentejo, na Madeira, nos Açores e especialmente no Algarve. Isto significa que o aumento da sobrequalificação não está unicamente associado à massificação dos trabalhadores diplomados.

Nestas regiões, o fenómeno da sobrequalificação sugere que, cada vez mais, a maior parte dos diplomados tem sido absorvido pelo mercado de trabalho em ocupações que não requerem este nível de escolaridade.

*A TAXA DE  SOBREQUALIFICAÇÃO É A PERCENTAGEM DE JOVENS TRABALHADORES, DOS 25 AOS 34  ANOS, QUE COMPLETARAM UM GRAU DO ENSINO SUPERIOR MAS TRABALHAM EM OCUPAÇÕES  QUE NÃO EXIGEM ESSE NÍVEL DE ESCOLARIDADE (CITP 4 A CITP 9).
1TRABALHADORES EM EMPRESAS; FAIXA ETÁRIA 25-34 ANOS; COM ENSINO SUPERIOR COMPLETO.
2TRABALHADORES EM EMPRESAS; FAIXA ETÁRIA 25-34 ANOS; COM ENSINO SUPERIOR COMPLETO. A INFORMAÇÃO REGIONAL DIZ RESPEITO À EMPRESA E NÃO AO LOCAL DE RESIDÊNCIA DOS TRABALHADORES.
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