Desenvolver competências: o caminho para a empregabilidade
As mudanças no mercado de trabalho têm sido constantes ao longo dos séculos e ocorrem sempre que surge uma nova tecnologia, uma nova vaga de globalização ou uma nova forma de organização do trabalho.
A grande novidade nas últimas décadas prende-se com o ritmo a que estas mudanças surgem e com a rapidez com que se difundem nas diferentes atividades económicas e por vários países.
Como consequência, há novas profissões que são criadas, outras que desaparecem e ainda outras cujas tarefas se vão modificando ao longo do tempo.
Num dos insights do Brighter Future é possível analisar as profissões com maior crescimento e decréscimo de trabalhadores, ou seja, como tem evoluído o emprego nas empresas portuguesas nos últimos anos.
Os dados mostram que, entre 2010 e 2018, várias profissões duplicaram o número de trabalhadores por conta de outrém.No topo desta variação positiva encontram-se profissões como (1.º) Especialista em políticas da administração, (2.º) Especialista em base de dados e redes, (3.º) Especialista de redes informáticas, (4.º) Programador Web e de multimédia, (5.º) Programador de software.
Em contraste, as profissões que evidenciam o maior decréscimo do número de trabalhadores, no mesmo intervalo de tempo, são as seguintes:_ Diretor de sucursais de bancos, serviços financeiros e seguros;_ Diretor das indústrias de construção e engenharia civil;_ Carteiro e similares;_ Diretor de investigação e desenvolvimento;_ Explicador e formador fora do ensino oficial.
De facto, em detrimento das profissões propriamente ditas, estudos do mercado de trabalho têm vindo a dar preponderância à análise das tarefas associadas às profissões e às competências que o trabalhador deve possuir para as executar.É por isso necessário pensar no mercado de trabalho além das profissões, dando prioridade às competências que são exigidas e como estas evoluem ao longo do tempo.
As vantagens de explorar as competências
No contexto do mercado de trabalho, ‘competências’ são as aptidões e conhecimentos necessários ao desempenho de tarefas. Estas competências são adquiridas pelo trabalhador através de formação ou experiência profissional.
Analisar o mercado de trabalho ao nível das competências traz vários benefícios:
- realça o facto de as competências poderem ser úteis em diferentes profissões, revelando eventuais transições entre profissões;
- facilita o alinhamento entre o mercado de trabalho e o mundo da educação, uma vez que as competências são em parte desenvolvidas no sistema de educação e formação;
- permite perceber as necessidades concretas do mercado de trabalho e como estas vão variando ao longo do tempo.
Competências para um mercado de trabalho em mudança
As discussões e estudos em torno das competências ganharam terreno por via do crescente progresso tecnológico. Informatização, automação, robotização, inteligência artificial, machine learning, são hoje fenómenos estabelecidos ou em desenvolvimento e quem sabe que outros surgirão nas próximas décadas.
Estas novas tecnologias têm a capacidade de realizar algumas tarefas anteriormente desenvolvidas pelos trabalhadores, com implicações profundas nas competências que lhes são requeridas. Algumas competências perdem preponderância e deixam de ser necessárias, enquanto outras crescem no mercado de trabalho e são cada vez mais valorizadas.
Tal como no passado, qualquer mudança no mercado de trabalho acarreta riscos e cria oportunidades. Para tirar partido destas alterações e evitar obsolência, é importante adquirir as competências certas ou reconverter as atuais através de ações de formação ao longo da vida.
Neste contexto, a questão central é: que competências são relevantes para navegar num mercado de trabalho em constante mudança e envolto em incerteza?
#1 Competências humanas
As competências que nos salvaguardam no futuro são aquelas que mais dificilmente virão a ser substituídas pela tecnologia. Num inquérito realizado pelo World Economic Forum, peritos em recursos humanos e estratégia reportaram as seguintes competências como essenciais para prosperar em 2020:
- Criatividade
- Pensamento crítico
- Gestão de pessoas
- Inteligência emocional
- Tomada de decisão
- Negociação
- Gestão de pessoas
- Flexibilidade cognitiva
Torna-se evidente que os empregadores valorizam cada vez mais as competências sociais, isto é, importantes para lidar com pessoas, um skill set para lidar com cenários imprevistos e complexos. De facto, mesmo com os avanços tecnológicos, não se prevê que a tecnologia consiga realizar este tipo de tarefas melhor que os humanos num futuro próximo.
#2 Competências digitais e tecnológicas
As competências digitais e tecnológicas também são essenciais. O progresso tecnológico requer competências mais avançadas para desenvolver, programar e manter as tecnologias. Mas não se deve descurar as competências digitais básicas dado que, de acordo com um inquérito europeu realizado em 2014, cerca de 75% dos empregos em Portugal requeriam o uso de tecnologia pelo menos para tarefas mais simples.
Em Portugal, há uma carência de competências digitais. No ranking europeu de Economia Digital, de 2019, Portugal posiciona-se em 19º numa lista de 28 países. Em 2017, cerca de metade da população não atingia níveis básicos de competências digitais e cerca de 45% das empresas referiram dificuldades em recrutar especialistas em Tecnologias de Informação e Comunicação.
#3 Mix de competências
Conjugar competências de vários tipos será também essencial no futuro. De acordo com a McKinsey e o World Economic Forum, as competências tecnológicas e sociais são já relevantes no presente e serão ainda mais no futuro.
Na mesma linha, um estudo para a União Europeia conclui que as profissões com maior crescimento nos últimos anos são as que requerem de forma mais pronunciada uma combinação de competências digitais e sociais.
Competências alinhadas com as necessidades do mercado de trabalho
Para promover a empregabilidade, além das competências relevantes à luz das tendências globais, é essencial desenvolver as competências que estejam em procura especificamente no mercado de trabalho de interesse.
Em Portugal, há alguma evidência de desalinhamento entre as competências necessárias no mercado de trabalho e as desenvolvidas pelos indivíduos, mesmo os mais qualificados.
Em 2019, de todos os diplomados do ensino superior nos últimos 3 anos, apenas 85,3% estavam empregados. No entanto, em 2018, um em cada quatro indivíduos entre os 25 e os 34 com ensino superior trabalhavam em profissões que não exigem este nível de educação.
Estes dados sugerem que as escolhas formativas podem não estar alinhadas às reais necessidades do mercado. Esta é uma preocupação partilhada pelas empresas portuguesas. De acordo com um inquérito do Banco Europeu de Investimento de 2018, 45% das empresas portuguesas vê este desalinhamento como um grande obstáculo às suas decisões de investimento de longo prazo, o que compara com 36% em 2015.
O primeiro passo para encurtar este distanciamento é saber exatamente quais são as reais necessidades do mercado de trabalho. Assim sendo, ao recorreres ao Brighter Future tens acesso a dados fidedignos e acessíveis que te permitem perceber o que é que o mercado realmente necessita e como te podes ajustar a ele. Entre as várias funcionalidades desta ferramenta, podes:_ Perceber que competências são mais valorizadas em Portugal_ Explorar os cursos com maior empregabilidade e o nível salarial correspondente_ Descobrir quais são os empregos e funções são mais procuradosO Brighter Future recolhe informações junto de empresas e instituições de ensino, tornando-se assim uma base de dados única em Portugal sobre o mercado de trabalho.
Informação e factos: a chave para garantir escolhas informadas
O primeiro passo para potenciar a empregabilidade através de percursos formativos orientados às necessidades do mercado é aceder a informação concreta sobre as competências mais relevantes e procuradas pelo mercado de trabalho. Isto diminui a incerteza e pode desencadear a tomada de decisão baseadas em factos.
Um sistema de informação sobre competências para Portugal, que seja relevante, fidedigno e atualizado, impacta todos os intervenientes no sistema de desenvolvimento de competências: indivíduos, instituições de ensino, empresas e decisores políticos.
A coordenação de todos estes atores garante uma força de trabalho com competências ajustadas às necessidades do mercado de trabalho com benefícios para todos: indivíduos com maior empregabilidade e com menos desemprego, empresas com maior produtividade e capacidade de inovação, e um país com maior crescimento e desenvolvimento económico.