Guia para jovens e pais da Fundação José Neves ajuda a escolher o que estudar
O que estudar? Uma escolha desafiante, mas sem dramas. Escolher o que estudar, as competências que se quer adquirir e qual a área onde se quer trabalhar não deve ser uma decisão dramática nem angustiante. Nada é irreversível. Já lá vai o tempo em que essa decisão era irremediável e determinava completamente o percurso profissional até ao resto da vida. Hoje, não é assim.
Continuar a estudar depois da escolaridade obrigatória compensa. Esta é uma das conclusões do “Guia para jovens e pais: como escolher o que estudar?” da Fundação José Neves com base na plataforma Brighter Future, um contributo para ajudar jovens e famílias a decidir de forma informada sobre o que estudar.
Carlos Oliveira, Presidente Executivo da Fundação José Neves, salienta que “num mundo em acelerada transformação, este Guia que a Fundação José Neves disponibiliza é uma ferramenta preciosa para ajudar os jovens e as suas famílias a tomarem uma decisão informada sobre como fazer a escolha do curso ou área de formação em benefício do seu futuro académico, profissional e pessoal. As recomendações que constam neste documento ganham ainda mais importância nesta altura do ano crucial para o futuro académico de muitos jovens portugueses”.
Recomendações para pais e jovens tomarem decisões informadas
A chave para o sucesso e para uma escolha consciente está na qualidade da informação. As visitas presenciais às instituições de ensino têm forte influência e são consideradas por muitos (principalmente os mais novos) como a fonte principal de informação.
O Guia da Fundação José Neves aponta ainda que não é indiferente a instituição onde se estuda porque o mesmo curso pode ser organizado de maneiras distintas, consoante as instituições.
O documento deixa ainda seis recomendações aos jovens para ajudar na escolha do curso a seguir: não deixar que a incerteza seja uma força de bloqueio; analisar vários fatores e não afunilar a decisão; obter informação e rever expetativas; recorrer a informação oficial e fidedigna; evitar os atalhos; não hesitar em pedir ajuda. Para os pais as recomendações são complementares: estarem sempre disponíveis; informarem-se; mobilizarem as redes de contactos; potenciarem visitas a instituições ou a feiras sobre ofertas educativas; confiarem e darem autonomia aos seus filhos.
O Brighter Future da Fundação José Neves é outra fonte importante para tomar uma decisão da forma mais informada possível. Neste portal é possível pesquisar cursos do ensino superior por área de estudo, região do país, nível de ensino, tipo de ensino (privado/ público) ou tipo de instituição (universitário/politécnico); saber mais sobre cada profissão (as suas tarefas, evolução do número de trabalhadores, salários médios, nível de educação mais comum, competências mais relevantes, e muito mais) e explorar as competências necessárias para seguir uma determinada profissão ou exercer um determinado tipo de funções.
Entre muitos indicadores, o guia destaca que, em média, quem completa o ensino superior tem maior probabilidade de estar empregado e salários mais elevados. Em 2018, os jovens entre os 25 e os 34 anos com licenciatura tinham um salário 42% superior aos que ficaram pelo ensino secundário.
Este indicador não é exclusivo para os licenciados. Também aqueles que terminaram cursos do pós-secundário, ou cursos Técnicos Superiores Profissionais, têm ganhos salariais superiores em cerca de 10% face aos do ensino secundário.
Vantagens associadas às diferentes áreas de estudo e influência das desigualdades sociais
As áreas do ensino superior com salários médios mais elevados são Ciências Empresariais; Engenharia e técnicas afins; Informática; Matemática e Estatística e Saúde. Há menor risco de desemprego nos primeiros anos após a formação nas áreas das Ciências da vida; Engenharia e técnicas afins; Informática; Matemática e Estatística e Saúde. Noutro âmbito, é menor o risco de trabalhar em profissões que exigem qualificações mais baixas nas áreas da Arquitetura e Construção; Ciências veterinárias; Engenharia e técnicas afins; Informática e Saúde.
As desigualdades sociais têm um peso muito relevante no percurso educativo. A relação entre o perfil socioeconómico (em particular a formação dos pais e os rendimentos do agregado familiar) e as probabilidades de sucesso escolar estão demonstradas por inúmeros estudos e todos constatam que quanto mais desfavorecido for o contexto familiar, maior o risco de insucesso escolar. E neste ranking, entre os países da OCDE, Portugal aparece como um dos países em que esse perfil socioeconómico mais condiciona as expetativas e as escolhas educativas dos alunos.
Os jovens mais favorecidos têm uma maior expetativa de concluir o ensino superior do que os jovens desfavorecidos e Portugal é um dos países da OCDE onde esta diferença é maior. Uma diferença de 43 pontos percentuais, que fica acima da média da OCDE (35 p.p.) e de outros países europeus como Espanha (26 p.p.) ou França (20 p.p.).