Os diplomados do ensino superior têm uma transição mais fácil para o mercado de trabalho
O momento de transição para o mercado de trabalho após a conclusão dos estudos é relevante porque influencia a carreira profissional futura. Do mesmo modo, a expectativa de que o ensino superior esteja associado uma maior empregabilidade no período subsequente à conclusão desses estudos pode ser um fator determinante na decisão dos mais jovens se candidatarem ao ensino superior.Importa por isso, perceber se estudos superiores estão associados a maior empregabilidade.
A TAXA DE EMPREGO DE QUEM TERMINA OS ESTUDOS SUPERIORES É SEMPRE MAIOR
A taxa de emprego entre os jovens dos 20 aos 34 anos que terminam um grau de ensino revela uma vantagem clara para quem completa o ensino superior. Em 2019, 80,6% dos que terminaram o ensino superior nos últimos 3 anos estavam empregados, o que compara com 73,5% de quem terminou o ensino secundário no mesmo período.
No entanto, parece haver diferenças entre quem termina o ensino secundário pela via geral, ou seja em cursos científico-humanísticos orientados para o prosseguimento de estudos de nível superior, ou pela via vocacional, ou seja, em cursos profissionais que desenvolvem competências necessárias ao exercício de uma profissão.
A evolução destes indicadores desde 2011 manifesta as flutuações inerentes aos movimentos de depressão e recuperação económica, na sequência do impacto da anterior crise financeira na economia portuguesa. A comparação entre níveis de escolaridade revela que a vantagem de quem termina o ensino superior é consistente ao longo de todo o período, com um reforço dessa vantagem para os mais qualificados, sobretudo desde 2017.
Taxa de emprego dos recém-formados dos 20-34 anos por nível de escolaridade e sexo
FONTE: INQUÉRITO AO EMPREGO (INE), FJN (1)
MAS HÁ DIFERENÇAS ENTRE O ENSINO SECUNDÁRIO PELA VIA GERAL E VOCACIONAL
A via profissional permite uma melhor inserção no mercado de trabalho. Em 2019, a taxa de emprego de quem termina o ensino secundário pela via geral e pela via vocacional era de 71,2% e 74,5%, respetivamente. No entanto, esta vantagem do ensino vocacional face ao geral, é recente. Em 2014, quando se começou a medir esta desagregação do ensino secundário, a vantagem era do ensino geral, como uma diferença de 8 pontos percentuais. Esta evolução sugere que tem havido maior aceitação da via profissionalizante do ensino secundário por parte dos empregadores.
A VANTAGEM DO ENSINO SUPERIOR FACE AO SECUNDÁRIO NA TRANSIÇÃO PARA O MERCADO DE TRABALHO É SUPERIOR NAS MULHERES
Apesar de, em 2019, a taxa de emprego dos recém-formados do ensino superior ser idêntica para homens e mulheres (81,1% nos homens e 80,4% nas mulheres), a vantagem face ao ensino secundário tornou-se muito superior para as mulheres a partir de 2016. Em 2019, a taxa de emprego das mulheres que terminaram o ensino superior nos últimos 3 anos era cerca de 18% superior quando comparada com o mesmo indicador para as que terminaram o ensino secundário. A diferença no caso dos homens não chegava aos 5%.
Rácio da taxa de emprego dos recém-formados (20-34 anos) do ensino superior e secundário, por sexo
FONTE: INQUÉRITO AO EMPREGO (INE), FJN (2)
O RISCO DE DESEMPREGO É MENOR PARA QUEM TERMINA O ENSINO SUPERIOR
A análise da taxa de desemprego remete mais diretamente para situações involuntárias de afastamento do mercado de trabalho. A taxa de desemprego entre os recém-formados teve um forte aumento no início da década, no período de crise. Em 2012, os números do desemprego jovem rondavam os 30%, mesmo para os diplomados do ensino superior, tendo baixado consideravelmente no pós-crise para os diplomados do ensino superior, sobretudo entre as mulheres.
Em 2019, a taxa de desemprego dos recém-formados estava a níveis mais baixos e continuava a ser mais baixa para os diplomados do ensino superior (13,5%). Para o sexo feminino, em 2019 terminar o ensino superior implicava um risco de desemprego nos anos seguintes à graduação cerca de 8 pontos percentuais menor face a quem terminava o ensino secundário. Para os homens, existia em 2019 pouca diferença na taxa de desemprego entre os recém-formados nos dois níveis de escolaridade, com valores próximos dos 13,1% para formados do ensino secundário e 12,4% para diplomados do ensino superior.
Taxa de desemprego dos recém-formados dos 20-34 anos por nível de escolaridade e sexo
FONTE: INQUÉRITO AO EMPREGO (INE), FJN (3)
O RISCO DE DESEMPREGO DIFERE ENTRE ÁREAS DE ESTUDO
O ensino superior continua a conferir uma proteção maior contra situações de desemprego quando comparado ao ensino secundário. Uma vantagem que esconde, no entanto, diferenças significativas entre áreas de estudo.
Analisando os recém-diplomados do ensino superior inscritos como desempregados no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), é evidente o decréscimo da propensão ao desemprego nos últimos anos. Em apenas 5 anos, a propensão ao desemprego passou dos 9,5% em 2014 para 3,6% em 2019. Esta melhoria foi transversal a todas as áreas de formação, mas ainda persistem diferenças significativas, com algumas áreas a apresentarem o dobro do risco de desemprego face às restantes.
Em 2014 e em 2019 foram os cursos das áreas CTEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática), ‘Saúde e proteção social’ e ‘Educação’ que apresentaram propensão ao desemprego abaixo da média. Em 2019, o desemprego foi menor entre os diplomados da área de ‘Ciências naturais, matemática e estatística’ (cerca de 2%). Em contraste, o risco de desemprego é superior à média para quem se forma nas áreas de ‘Serviços’, ‘Agricultura, silvicultura, pescas e ciências veterinárias’, e principalmente nas áreas de ‘Ciências empresariais, administração e direito’, ‘Artes e humanidades’ e ‘Ciências sociais, jornalismo e informação’.
Propensão ao desemprego de recém-formados do ensino superior por área de formação
FONTE: INFOCURSOS (DGEEC), FJN (4)
Este insight faz parte do relatório da Fundação José Neves “Estado da Nação: Educação, Emprego e Competências em Portugal”