A disparidade salarial entre géneros tem vindo a diminuir, mas os homens ainda ganham 20% mais do que as mulheres

Graças ao inquérito que o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSSS) faz anualmente a todas as empresas com pelo menos um trabalhador por conta de outrem (Quadros de Pessoal), é possível ter informação detalhada sobre o emprego e salários das pessoas ao serviço nas empresas.

Os dados mais recentes, referentes ao ano de 2019, revelam que o salário real médio das pessoas ao serviço em empresas tem aumentado nos últimos anos e é, pela primeira vez, superior ao de 2010. O aumento tem sido mais pronunciado entre os mais jovens e os menos qualificados. Mas não há dúvidas que mais educação continua a compensar.

No Brighter Future podem ser consultados os salários médios reais associados a cada profissão por nível de escolaridade, género e setor de atividade, além da evolução salarial entre 2010 e 2019.

Neste Insight, apresentam-se os principais destaques da disparidade salarial entre homens e mulheres.

A DISPARIDADE SALARIAL ENTRE GÉNEROS TEM VINDO A DESCER

Embora o salário médio dos homens seja superior ao das mulheres para qualquer uma das faixas etárias e níveis de escolaridade analisados, esta disparidade salarial tem vindo a decrescer paulatinamente ao longo dos últimos anos. Em termos agregados, em 2019, os homens ganhavam em média cerca de 20% mais do que as mulheres enquanto que em 2010, antes da crise financeira, esse valor era cerca de 25%.

É nas faixas etárias mais elevadas que se registam as maiores reduções da disparidade salarial entre géneros em 2019 face, quer ao ano anterior, quer a 2010. Por exemplo, entre 2010 e 2019, a redução da disparidade salarial nos trabalhadores entre os 25 aos 34 anos não chegou a um ponto percentual. Já na faixa etária acima dos 54 anos, a disparidade salarial diminui 10 pontos percentuais – de 46% para 36%.

Apesar desta evolução positiva, em 2019, a disparidade salarial entre géneros continua a ser bastante mais acentuada entre no grupo das pessoas ao serviço mais velhas:

_Na faixa etária dos mais de 55 anos, os homens ganham em média mais 36% do que as mulheres;

_Na faixa dos 45 aos 54 anos, os homens ganham em média mais mais 27% do que as mulheres.

Evolução da Disparidade Salarial entre Homens e Mulheres por Faixa Etária

FONTE: QUADROS DE PESSOAL (GEP/MTSSS), FJN/BRIGHTER FUTURE.1

QUAIS AS REGIÕES ONDE A DISPARIDADE SALARIAL ENTRE GÉNEROS É MAIOR E MENOR?

A disparidade salarial entre homens e mulheres também tem vindo a decrescer em todas as regiões do país ao longo da última década. E, tal como em Portugal como um todo, os homens continuam a ganhar mais do que as mulheres em qualquer uma das regiões do território português.

A disparidade de género era, em 2019, mais acentuada na Área Metropolitana de Lisboa e na região Centro com os homens a ganharem cerca de 23% mais que as mulheres. No polo oposto estava a região do Algarve onde a disparidade de género era de aproximadamente 10%.

Comparando a disparidade salarial entre 2010 e 2019, a redução da vantagem salarial dos homens face às mulheres foi mais significativa na Região Autónoma da Madeira e no Alentejo e mais contida na região Centro e Norte do país.

Evolução da Disparidade Salarial entre Homens e Mulheres por Região (NUTS-II)

FONTE: QUADROS DE PESSOAL (GEP/MTSSS), FJN/BRIGHTER FUTURE.1

E O NÍVEL DE ESCOLARIDADE, IMPORTA?

Um dos aspetos mais relevantes a ter em conta na disparidade salarial entre géneros é comparar os salários de homens e mulheres com o mesmo nível de escolaridade. E também neste aspeto, a disparidade salarial é ubíqua uma vez que os homens continuam a ganhar mais do que as mulheres com a mesma escolaridade, qualquer ela seja. Em 2019:

_entre os quem têm o ensino secundário, os homens ganhavam mais 26% do que as mulheres;

_entre os licenciados, os homens ganhavam mais 36% do que as mulheres;

_entre os mestres, os homens ganhavam mais 31% do que mulheres.

No entanto, a disparidade salarial tem vindo a diminuir de forma continuada ao longo da última década para o ensino secundário e licenciaturas. No caso dos mestrados, a disparidade salarial entre géneros em 2019 está praticamente nos mesmos níveis de 2010.

No caso do pessoal ao serviço na faixa etária dos 25 aos 34 anos, a disparidade salarial é menor para cada um dos níveis de escolaridade comparativamente à generalidade das pessoas ao serviço, mas ainda é superior aos 20%: 22%, 20% e 23% para quem detinha o ensino secundário, licenciatura ou mestrado, respetivamente. No entanto, a disparidade salarial entre géneros nesta faixa etária aumentou significativamente na última década entre os mestres, passando de 18% em 2010 para 23% em 2019.

Evolução da Disparidade Salarial entre Homens e Mulheres por Nível de Escolaridade e Faixa Etária

FONTE: QUADROS DE PESSOAL (GEP/MTSSS), FJN/BRIGHTER FUTURE.1

1RÁCIO ENTRE O SALÁRIO MÉDIO DOS HOMENS E MULHERES POR NÍVEL DE ESCOLARIDADE. SALÁRIO MÉDIO BRUTO MENSAL (EQUIVALENTE A TEMPO COMPLETO) INCLUI REMUNERAÇÃO BASE E PRESTAÇÕES REGULARES. SÃO CONSIDERADOS OS SALÁRIOS DAS PESSOAS AO SERVIÇO EM EMPRESAS DO SETOR PRIVADO E DO SETOR EMPRESARIAL DO ESTADO.
Partilha este artigo_